O avanço da tecnologia pressiona organizações. Os diretores de TI, figuras que ocupam posição privilegiada nesse processo, precisarão se posicionar para não perder o bonde da história. “O CIO brasileiro vive uma crise de identidade”, observa Cassio Dreyfuss, vice-presidente do Gartner, que aconselha: “Deixe as operações para alguém, olhe para o outro lado, para o lado do negócio”.
A consultoria bate forte na tecla de transformação digital. Nesse contexto, os recursos computacionais deixam de suportar operações para virarem vetores para que companhias dos mais diversos setores desenvolvam soluções que alavanquem seus resultados. É justamente sobre essa mudança sobre o que o executivo trata.
“Nos últimos 40 anos, batemos na mesma tecla. Agora que esses profissionais chegam e dizem que conseguem fazer um ‘capacity plan’ perfeito, só que isso não é mais algo importante”, comenta o especialista, reforçando que não dá mais para pensar em tecnologia sem pensar no negócio.
O recado é claro: “senhores CIOs, vocês têm que transformar a organização de vocês. Essa que está aí não vai mais suportar as necessidades de negócio. As áreas de TI são muito conservadoras”. Para mudar isso o executivo a frente das estratégias da tecnologia precisará compreender o cenário onde sua organização atua e quais as possibilidades e ameaças trazidas da digitalização.
Há uma mudança do perfil profissional que precisa ser contemplado nesse processo. Esses profissionais precisarão compreender essa transformação e que posição se posicionar nesse contexto. “Ainda tem muito maquineiro no Brasil”, vê Dreyfuss. Na visão do especialista, a liderança do futuro precisará sustentar uma visão holística que considere máquinas, pessoas, tecnologias e negócios.
Mais relevância
O Gartner, ao conversar com executivos de tecnologia, identifica que os orçamentos globais para projetos da área crescerão 1% no próximo ano. Os CIOs brasileiros, contudo, revelam mais otimismo. Quando indagados pela consultoria indicam expansão nos investimentos bem acima da media mundial, entre 5 e 7%.
“Isso corrobora com a ideia de que as empresas brasileiras percebem que mesmo com a economia não tão brilhante, precisarão investir em TI para conseguir a competitividade que vai ajudar globalmente”, observa o especialista
Os gastos com tecnologia da informação no Brasil atingirão US$ 125,3 bilhões em 2015. A estimativa do Gartner aponta para um crescimento da ordem de 5,7% sobre os US$ 118,5 bilhões verificados pela consultoria no ano passado.
A maior parte desses investimentos será dirigida para a economia digital, afirma a empresa. “Apesar da desaceleração econômica, o Brasil demonstra que a TI está bem oculta na estratégia central das empresas, sendo vista como uma ferramenta de desenvolvimento e competitividade”, vislumbra.